
Calma... Calma... Não sou eu!
"E que fazes tu de quinhentos milhões de estrelas? - Quinhentos e um milhões, seiscentos e vinte e duas mil, setecentos e trinta e uma. Eu sou um sujeito sério. Gosto de exactidão."
Lembram-se deste diálogo! Do Principezinho de Saint Exupéry.
Mas há mais... "-Isso é verdade, disse o principezinho. E que fazes tu com elas? - Eu as administro. Eu as conto e reconto, disse o homem de negócios. É difícil. Mas eu sou um homem sério! (...) O principezinho tinha, sobre as coisas sérias, ideias muito diversas das ideias das pessoas grandes. - Eu, disse ele ainda, possuo uma flor que rego todos os dias. Possuo três vulcões que revolvo toda semana. Porque revolvo também o que está extinto. A gente nunca sabe. É útil para os meus vulcões, é útil para a minha flor que eu os possua. Mas tu não és útil às estrelas... O homem de negócios abriu a boca, mas não achou nada a responder, e o Principezinho se foi... As pessoas grandes são mesmo extraordinárias, repetia simplesmente no percurso da viagem."
Efectivamente os "grandes" são umas figuras estranhas...
Lembrei-me disto porque tenho um amigo, "um homem sério" - pelo menos ele acha que sim - mas nesta altura só ele é que acha...
Nós todos os que circulamos à sua volta não achamos nada disto... e temos pena!
Temos pena que seja tudo muito forçado, muito teatralizado...
Dá-me cá a ideia que a primeira a fazer de manhã será... ir ao espelho, abrir os braços e dizer:
- Eu sou um Homem Sério...
E depois segue à sua vida de homem sério! Será! Embora lá desmontar isto!
Então estes homens sérios existem porque querem mostrar algo a alguém, normalmente uma mulher... portanto... é a cena do pavão! Abre o leque e exala a sua beleza... que só dá mesmo para o acasalamento, porque se tiver de fugir a correr fecha o leque! A segunda constatação é que eles nunca foram assim... sempre gostaram de "pisar o risco", têm fragilidades e debilidades como todos os outros, mas tentam convencer-se do contrário... e pior tentam convencer-nos a nós do contrário!
A terceira é que de repente a familia - que não existe, os filhos - que não são seus, a vida que não é a sua passa a ser a sua... porque para se ser um homem sério tem de se ser pai, marido que para eles são sinonimo de seriedade! Ah!
Claro que não estão lá muito bem consigo próprios... mas isso não interessa porque são homens sérios! E isto durará!????
Depois, e para finalizar, começam a criticar-nos a nós, "Os homens não sérios"... porque queremos borga (15 dias antes gabava-se de gostar de estar livre e dar quecas sem compromisso), não temos pouso certo (são os gajos que passavam a semana a saltitar de casa, hotel ou praia em praia...) e não somos responsáveis... será!!!?
O que me leva a escrever este post é... E depois... Depois... No dia que acordar e disser não gosto nada de mim, que merda tenho de aturar isto tudo... Não posso ir beber uma copo porque: ninguém quer ou ninguém está ou ela não me deixa e não me apetece ter mais uma discussão por causa de um copo!
Cheguei então à brilhante e óbvia conclusão - se bem que o óbvio já não é o que era - que o aqueles "homens sérios" nunca são eles, que sério é viver bem connosco... Não?
Publicada em 4 de Julho de 2007
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